Dr. Rodrigo Teixeira

O termo Disfunção Temporomandibular (DTM) é utilizado para reunir um grupo de doenças que acometem os músculos mastigatórios, articulação temporomandibular (ATM) e estruturas relacionadas. A dor relacionada à DTM e um grande desafio clínico na Odontologia e representa uma das principais causas de dor “não dental” na região orofacial. O tratamento das DTM é individualizado e deve ser realizado por profissionais experientes e capacitados. O Cirurgião Dentista, especialista em DTM-DOF, é o responsável pelo diagnóstico e por conduzir o paciente em conjunto com uma equipe multidisciplinar especializada, cuja sintonia irá influenciar diretamente as chances de sucesso do tratamento. A Dor Orofacial pode estar associada a tecidos moles (pele, vasos sanguíneos, glândulas ou músculos) e mineralizados (ossos e dentes) da face e da boca, pode ainda ser o principal sintoma de inúmeras doenças que acometem diretamente as estruturas orofaciais, Todas as potenciais fontes de dores orofaciais podem cruzar as fronteiras de muitas outras disciplinas médicas ou odontológicas, o que faz com que a abordagem interdisciplinar (médicos, dentistas, fisioterapeutas, psicólogos) seja frequente e necessária. O estudo da “dor orofacial” aproximou inevitavelmente os profissionais de diferentes áreas da saúde, e, com o tempo, percebeu-se a complexidade desse segmento do corpo humano.
dor orofacial
Dor é um sintoma de amplo aspecto que compreende sofrimento físico acompanhado de sofrimento mental ou emocional. É habitualmente ensinada como sendo o mais comum e relevante dos sintomas. Descobrimos recentemente que a dor pode ser um mero sintoma, ou a própria doença. De acordo com a Academia Americana de Dor Orofacial, o campo de atuação nessa área inclui diferentes tecidos da cabeça e do pescoço, além de todas as estruturas que formam a cavidade oral. Portanto, a dor orofacial, por definição, é um conjunto de problemas que acomete a região da face e da boca, causando dor ou apenas desconforto ou disfunção muscular e/ou articular.

A Articulação Temporomandibular (ATM) é considerada uma das articulações mais complexas do corpo humano é a única bilateral ou bi-articulada (estão localizadas bilateralmente na região anterior a orelha, conectadas por um único osso, a mandíbula, que funcionam simultaneamente).

O Bruxismo é uma atividade repetitiva da musculatura mastigatória, caracterizado por apertamento e ranger de dentes e/ou segurar ou empurrar a mandíbula, e apresenta duas manifestações circadianas: pode ocorrer enquanto se está acordado (bruxismo em vigília – BV) ou durante o sono (bruxismo do sono – BS), esta condição clínica pode influenciar na qualidade de vida, especialmente por fraturas e desgastes de dentes e restaurações, dor na região orofacial e interferência na qualidade do sono.

Algumas dores de cabeça podem estar relacionadas com as DTM, sobretudo com as desordens musculares e nestes casos são tratadas por nós especialistas em DTM-DOF. Cefaleia ou cefalgia são os termos utilizados para dor de cabeça. É um dos sintomas mais frequentes no cotidiano das pessoas e usualmente tem sido relatado como comorbidade durante a consulta de pacientes cuja queixa principal é DTM. Podem ser incapacitantes em alguns casos, influenciando negativamente no bem-estar e na qualidade de vida dos indivíduos.

Estudos demonstram que a cefaleia gera sofrimento físico, além de prejuízos sociais, emocionais e econômicos. Estima-se que 93% dos homens e 99% das mulheres terão algum tipo de dor de cabeça ao longo da vida; e que 76% do sexo feminino e 57% do masculino tenham pelo menos um episódio de dor de cabeça por mês. A cefaleia, popularmente conhecida como dor de cabeça, é um sintoma que precisa ser considerado como sinal de alerta, uma vez que sua ocorrência pode estar relacionada a problemas de maior gravidade.

Procurando padronizar e estruturar a abordagem das cefaleias em nível global, a Sociedade Internacional de Dor de Cabeça propõe a classificação internacional das cefaleias denominada International Headache Classification. Neste sistema, a classificação é hierárquica e todos os tipos de cefaleia estão classificados em grandes grupos, cada um desses grupos é subdividido uma, duas ou três vezes em tipos, subtipos e subformas de cefaleia. Vale ressaltar que muitos pacientes podem ser acometidos por mais de um tipo de cefaleia. As cefaleias do tipo primária podem se classificar em: MIGRÂNEA, também denominada enxaqueca e suas subdivisões; CEFALEIA TIPO TENSIONAL e suas subdivisões; CEFALEIAS TRIGEMINAIS AUTONÔMICAS, também conhecidas por cefaleia em salvas ou, outras cefaleias primárias e suas subdivisões. Cefaleias primárias devem ser tratadas por profissional médico especializado, normalmente um neurologista (Cefaliatra).

As cefaleias classificadas como secundárias são menos frequentes e podem estar relacionadas a quadros clínicos de DTM ou à alguma patologia intracraniana subjacente como: tumores, meningite, malformações arteriais, hemorragia subaracnoidea e pós-traumatismo crânio encefálico. A interrelação entre as cefaleias e as DTM é tão grande que a própria Sociedade Brasileira de Cefaleia tem um seus quadros um Comitê de Dor Orofacial que atua de forma permanente e é composto por Cirurgiões Dentistas em sua maioria especialistas em DTM-DOF.

DOR NEUROPATICA
A Dor Neuropática é um tipo de sensação dolorosa que ocorre em uma ou mais partes do corpo e é associada a doenças que afetam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou seja, os nervos periféricos, a medula espinhal ou o cérebro. Podem surgir depois de lesões, doenças infecciosas ou cirurgias, por isso, é importante estar atento aos seus sintomas.

Apneia significa “parada da respiração”. Apneia do sono é o distúrbio no qual o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração (apneias) enquanto dorme. As apneias são causadas por obstruções transitórias da passagem do ar pela garganta com pelo menos 10 segundos de duração. Quando ocorrem apneias com frequência maior que 5 episódios/hora no sono dizemos que o indivíduo é portador de apneia do sono.

As Síndrome das Apneias do Sono (SAS) e a Síndrome das Apneias Obstrutivas do Sono (SAOS), tem se revelado ser o mais importante e frequente distúrbio respiratório do sono. A SAOS é considerada um problema de saúde pública potencialmente tratável e, em virtude de suas consequências, vem ganhando progressiva atenção. Estima-se que cerca de 4% das mulheres e 9% dos homens adultos sofram de apneia do sono, sendo que sua prevalência é maior entre os obesos e maiores de 35 anos.

Curiosamente, apesar de possuir alta prevalência na população, apenas recentemente a medicina reconheceu, através de estudos científicos, os riscos trazidos por esta doença e a importância do seu diagnóstico. Deste modo, sabe-se que cerca de 90% dos indivíduos que possuem apneia do sono ainda não possuem o diagnóstico ou sequer foram alertados pelo seu médico para a possibilidade de sofrerem desta doença.

A Odontologia do Sono pode ser considerada um “braço” da Medicina do Sono e tem como objetivo principal tratar pacientes com síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e/ou ronco. A presença de SAOS pode levar aos agravamentos do Bruxismo do Sono e consequentemente do desgaste dentário, além disto podem ajudar tanto na piora quanto na perpetuação dos sintomas normalmente encontrados em pacientes com DTM, sobretudo nos casos de etiologia muscular. Portanto é altamente recomendado que seja considerada durante a avaliação inicial de nossos pacientes.